20 agosto 2010

Shantala


SHANTALA
 Há muitos séculos os povos indianos têm como prática, massagear suas crianças.
Desde cedo as mães aprendem as técnicas da chamada SHANTALA, movimentos coordenados, leves e localizados, executados com ambas as mãos no corpo da criança, que têm como objetivo  imediato a obtenção do equilíbrio energético corpóreo. Isto se traduziria em palavras ocidentais em trazer tranqüilidade à criança e porque não dizer também à mãe (pai).
O objetivo a médio e longo prazo é estabelecer uma interação cada vez maior entre a criança e o adulto.
O tempo destinado à SHANTALA é variado. Vai depender do grau de experiência da pessoa, o que se adquire em pouco tempo. Ademais, não se estabelece um limite pois ele por si só é relativo. O que vai nos orientar é a temperatura ambiente e a recepção da criança.
Arma-te de boa vontade e carinho e mãos à obra! Não só teu (tua) filho (a) vai agradecer como toda a família, pelo efeitos benéficos do exercício.
A SHANTALA é indicada contra as cólicas, insônia, ansiedades, gripe, resfriados e todas  manifestações de desequilíbrio psicofisiológico (corpo e mente).
Contra indicações: praticamente inexistem, entretanto deve-se ter muito cuidado na pós-cirurgia e logo após o nascimento, em função da cicatrização do umbigo.
COMO FAZER...
1) O ideal é executar a SHANTALA com a criança em contato com nossa pele, entretanto, para evitar acidentes com urina ou vômito pode ser usado um forro plástico sobre as pernas;
2) Pode ser utilizado qualquer óleo infantil neutro ou simplesmente a mão nua;
3) Aproveitar os momentos que antecedem o banho diário;
4) Lembra que tuas mãos devem estar limpas, unhas cortadas e livres de anéis e/ou braceletes;
5) É indispensável um ambiente calmo e acolhedor com luz moderada. Na Índia é comum as mães executarem a SHANTALA sob árvores, em contato direto com a natureza; e
6) Por fim, ama muito e toca teu (tua) filho (teu) muitas vezes durante o dia. E mesmo dormindo, conversa em tom suave sobre as coisas do dia-a-dia. Verás que bons resultados se obtém no convívio enquanto crescemos juntos.
SHANTALA - MOVIMENTOS
1- Na posição sentada e com a criança nua, em decúbito dorsal (barriga p/ cima) com os pezinhos para teu corpo. Cabecinha sobre teus joelhos.
2- Alternadamente, com leveza, massageia dos ombros (peito) à cintura em ambos os lados. (2 ou 3 vezes);
3- Criança em decúbito lateral (de ladinho):
        - bracinho levantado, massageie da axila à cintura e do ombro  à cintura.
               - pela frente, após o bracinho e nas pernas dos dois lados. Virar para o outro lado, delicadamente. Repetir.
4- Criança em decúbito ventral  (barriga para baixo), perpendicular à mãe:
           - segurando as nádegas, massagear do ombro às nádegas.
           - segurando as pernas para o alto (somente um pouco) a outra mão massageia dos ombros aos pés.
5- Criança em decúbito dorsal:
           - leve movimento circular no sentido horário na barriguinha;
           - com a ponta dos dedos (a carne) massagem bem leve na cabeça; e
           - da mesma forma no rostinho.
6- Finalizar com um gostoso abraço, demorando um pouco mais para se afastar da criança.

Este é um bom momento de firmarem o hábito de orarem juntos.

Bom proveito!

18 agosto 2010

Pelé em Porto Alegre.

Meu filho pergunta sobre Pelé. Escrevo para ele.
Ícone do futebol mundial, transformou-se, como ele mesmo se define, em duas pessoas: O Edson, brasileiro, santista, negro e aposentado e o Pelé, imortal exemplo de esportista de futebol, multicampeão e embaixador para Ecologia e Meio ambiente (ONU 1992), e da Boa Vontade (UNESCO 1993).
Cresci admirando e temendo suas jogadas contra o meu Grêmio. Amando e confiando em sua criatividade e liderança na seleção canarinho (será que ainda a chamam assim?).
Sua presença como Pelé, muito mais do que como Edson, ainda acende paixões.
Mesmo que a lembrança de seus feitos for inscrita somente nos arquivos, não há como descolar sua existência com a do futebol mundial.
Por muito tempo sua arte e sua postura frente a ela serão abençoadas e analisadas.
Diferente daqueles que ousaram macular essas verdades por orgulho ou despeito, como dizia o Lupícínio Rodrigues.
E a guria virou vilã...

Justiça de Santa Catarina impõe pena branda aos estupradores.
Eu faço uma correção. Não foi a Justiça catarinense. Foram algumas pessoas movidas por interesses que não ouso pensar.
A Lei é clara neste aspecto. Mas como ela pode ser "interpretada", quase sempre favorece os mais favorecidos. Trocadilho ou não o que se viu foi uma afronta ao clamor popular, aos direitos das mulheres e as conquistas por justiça mais equilibrada no Brasil.
Não eram crianças os envolvidos. O aspecto de existir ou não violência, a meu ver, o que está comprovado pelos laudos na guria, só agravaria a pena a ser imposta.
Mas parece que aconteceram interferências tão significativas que deu no que deu.
Eu, mesmo como homem, sinto-me ofendido e afrontado com o desenrolar desse caso.
Por isso me manifesto. 
Decisão da Libertadores

Porto Alegre, 18 de agosto de 2010.
Escrevo esta crônica horas antes do evento.
Ainda que considere uma certa vantagem para a equipe do Inter em função do retrospecto, do clima psicológico criado e da "capacidade instalada" do time, sinto que algumas considerações paralelas ao aspecto esportivo podem ser feitas.
Como os analistas esportivos profissionais dizem, "futebol é uma caixinha de surpresas". Pessoalmente espero por isso. Uma leve inveja me toca. Imaginem por que.
A postura das duas equipes e os universos que circularam por elas nesses últimos dias me fazem ficar feliz. Pessoas preocupadas em manter um espetáculo de organização e entretenimento. De trocas mútuas de camaradagem e cortesia, que há tempos não se via no futebol.
De quebra, independentemente do resultado, projeta antes do final da partida, muito mais a equipe do Inter que a do Chivas, a um patamar consolidado de estrela internacional. Com o perdão do trocadilho.
A cidade de Porto Alegre deve mostrar que possui o perfil adequado para eventos desta magnitude. Segurança, acessibilidade e logística devem ser amplamente analisados com vistas a Copa Mundial de 2014.
Como sou otimista por princípio, acredito que o exemplo que já se instala é de que organização e foco no objetivo/resultado, são garantias de sucesso em qualquer empreitada.
Mesmo que o resultado final da partida desta quarta-feira não seja favorável ao time vermelho, ainda que como gremista eu tartamudeie no desejo, há um ganho imenso e inquestionável. Não só por estar garantido na disputa do mundial interclubes mas por, definitivamente, tornar-se o que o nome da equipe define há 101 anos.  Internacional.

06 agosto 2010

Pergunto as minhas lembranças...

Por quê um amigo?....

E olho para o tempo, com seu ar de eternidade

E ele me dá a resposta com a cor dos dias que nascem:

- Para que tenhas sempre a quem dizer palavras.

Sempre a quem lançar um olhar, furtivo às vezes.

Um sorriso de reencontro, não interessa quanto tempo foi a distância.

Um beijo cheiroso, não interessa de onde estamos vindo.

Um afago de mãos, não interessa que outras mãos foram seguras.

Uma troca de suspiros, interessando sempre que sejam por amor.

Pois a amizade é nascida dele...

E esse...

Ah! O Amor...Esse não ocupa espaço...

Um abraço, e toda a saudade se transforma em carinho.

O calor que se troca! E essa vontade imensa de trazer tudo ao presente,

Num ímpeto juvenil de doar-se...

E sentir-se amado...

Tanto tempo! Onde estavas que meu coração te buscava nos arquivo do universo?

E agora estás aqui. E como é bom sentir teu espírito bem juntinho.

Minha porção humana te quer perto, mesmo sabendo que podemos ser sempre em qualquer tempo e lugar.

E estás agora aqui. Não sei daqui a pouco, mas lá...

Lá será muito além de onde quero estar.

Quero é estar aqui, junto à tua delicada presença.

Compartilhando essa energia universal que nasce não sei de onde,

Mas que a tudo transforma.

Como transformou a mim num garimpeiro de palavras.

E como tal, recolhe tudo.

Teu sorriso é meu rio. E cada tecla que toco, minha batéia.

E meu ouro, a luz que irradias em meu peito.

Sorri... para que eu possa garimpar sempre...
Sonho e realidade.


Por momentos imagens desfilam a minha frente.
De início, desconexas...organizam-se...superpõem-se.
Não tenho idéia do tempo que isso leva...sinto que são emanações do tempo...
Talvez seja um sonho...talvez...próximo demais da realidade para o sê-lo...
Mas também...o que é a realidade? Ou o sonho? Partes da mesma dimensão?
Onde se encontra a linha divisória entre uma e outro? Será que existe?
E se existe, será igual para todas as pessoas? Desconfio que não.
Uma criança intercala a dimensão onírica com a realidade. A fantasia com o real. O faz-de-conta se torna instrumento de sua aprendizagem do mundo (feito essencialmente pelos e para os adultos) que se descortina à sua volta. E é navegando por essa dimensão que ela vai construindo as relações, em todas as instâncias.
Ora, se quando pequenos fazemos esse exercício, porque negamos que o fazemos quando adultos?
Claro, a realidade que o mundo se nos impõe limita-se àquilo que pode ser medido. Tocado. Comparado com o já conhecido. Enfim, segundo um critério cientificista. Cartesiano.
Então..., sonho ou realidade?
Realidade. Mesmo que ainda não completamente desenvolvida...
Ouço sons seqüenciais. Como batidas de...é conhecido...já ouvi em...
Não lembro...mas é conhecido...hum...hum...sim!
Parece...sim...cloc..cloc..cloc..cloc e repete...cloc..cloc..cloc..cloc...
É o trote de um cavalo...no paralelepípedo! Mas aqui?
Mas onde estou? Ah sim, estou, digamos, sonhando...tudo tão real...tão familiar...
Os lençóis de algodão quase cru. O colchão, parte de um vegetal que chamávamos de "crina". Do outro lado, forrado de lã...
Cobertor "La Aurora" xadrez...hummmm...lembranças...?
Viro-me na cama, parte inferior de um beliche que tinha sido separado. Apuro o ouvido e confirmo:
É a carroça do padeiro....nossa...como é que pode?
Mas faz tanto tempo..!
Uma estrutura de metal, tipo baú...reluzia...a lua alta no céu. É noite de primavera...
Madrugada, a carroça geme. Como se reclamasse estar tão cedo no trabalho. ou para acordar a cidade com seu protesto. Não sei, não.
Acho que é sua forma de cantar...muita gente canta ao trabalhar. Alegra o coração. Dá ritmo ao mister...
É...é uma canção...pelo menos meu coração sente que é isso.
O guinchar dos ferros com a madeira traz um cabedal de recordações. Que não se limitam ao universo momentâneo do padeiro e sua faina...
Na memória um nome: "seu" Osmar. O leiteiro...vinha de longe. Foi referência de minha infância...veja só... movimento-me entre a realidade do sonho e a realidade desse momento de escrita.
Esse movimento é muito interessante. Num só tempo, meu ser menino se encontra com o eu adulto. E confabulam. Trocam experiências profundamente interligadas mas forçadamente distanciadas pelo pensamento científico...
O menino vê as imagens. Ouve os sons, os ruídos...emociona-se e transmite ao adulto esses sentimentos...e sinto agora de novo, ao escrever tudo isso.
 Momentos meus

Minhas palavras não segue ordem temporal. São momentos soltos...
Morei algum tempo na Amazônia e vivenciei o quanto importante são os laços de relações que ficam na nossa terra natal. Por outro lado aprendemos a conviver com o diferente, com o não igual, com o que não estamos acostumados, descobrindo que Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, nos desafia a sermos cada vez mais e melhores. Como seres humanos. Como filhos e filhas d'Ele. E Por aí foi meu aprendizado com o povo da selva.
Tanto que me permitiu conhecer minha amada durante o curso superior e reconhecer nela a possibilidade de ser realmente feliz continuando a pensar e fazer trabalhos semelhantes aos que pude participar lá em Humaitá. Tive a sorte de encontrar outros colegas com os quais havia trabalhado em tempos anteriores. Fui acolhido. Mantivemos um ambiente de fraterna amizade e um trabalho muito profícuo nesse serviço e, especialmente no que diz respeito a mim, tempo para ler muito, escrever e ainda poder participar dos movimentos sociais da região. E isso foi o que me "desvirtuou". Não pude deixar de fazer uma profunda avaliação de toda minha vida, pensamentos, "ideologias" manietadas, práticas e aceitações.
Descobri que era possível ser mais feliz ainda, na medida que pudesse dividir o que sabia com outras pessoas. Então veio a Pedagogia, as discussões mais diversas, a Véra, o amor, o casamento, o engajamento nos movimentos sociais. Depois, com a opção pelo Pedro, rediscutimos nossas rotinas, o que proporcionou que pudéssemos pensar nesse bebê de agora, o Davi.
Construímos uma casa em lugar afastado do centro de Porto Alegre com a finalidade de ser um lugar para ser feliz com os filhos e com a presença dos amigos. Como quase todos moram em apartamentos, teriam a possibilidade de andar de pés descalços pela areia dos caminhos, as crianças brincarem tranqüilas, longe do movimento frenético dos carros, da ansiedade da insegurança, aprendendo a conviver em paz com os animais, cada um com seu espaço, etc, etc, etc. Em suma, justamente por estarmos felizes que foi possível pedir a Deus a presença de Pedro e de Davi. E não eles antes.
Algum tempo atrás também planejava ir para a Espanha ou França. Estudei os idiomas mas a vida me pediu outras tarefas.
Como a Véra é professora (Orientadora Educacional, como eu) recebemos o convite de uma Congregação Religiosa para morar algum tempo em Angola para ajudarmos na reconstrução de um projeto educacional nacional de magistério. Ainda não tínhamos o Pedro. Todo um país por reconstruir. Guerra civil. Perda da identidade cultural do povo. Falência dos serviços essenciais. Resgate de valores...enfim, quase tudo por refazer, após 25 anos de confrontos absurdos, fomentados e financiados pelo capital norte-americano e sul-africano pelo interesse no petróleo e jazidas de diamante. (quase que nem no Brasil, a 500 anos)
Mas a própria guerra preencheu os governantes de desconfianças. Quase ao embarcar, fomos impedidos de entrar no país, pelo retorno da guerra aberta e pela nossa condição de leigos (não religiosos) e casados. Foi frustrante. Mais de dois anos de preparação, estudos, reflexões, orações, sistematizações...Mas se todos os planejamento humanos se concretizassem, nenhum dos dois bilhões de seres humanos estaria passando fome hoje, sem acesso à água potável, quanto mais direito à própria vida.
Isso ainda nos move, a termos nosso coração muito aberto e fraterno.
Descobrimos um ao outro sonhando com isso.
As Lutas Que Não Quero

Lendo artigo em uma revista de filantropia sobre trabalho voluntário tive vontade de compartilhar algumas impressões. Lá, família de adolescente convivia com a luta contra um câncer.
Pensei em minhas próprias lutas que, já assumidas, parecem agora não apresentar maiores dificuldades.
Diz o ditado que "Deus dá o frio conforme o cobertor", entretanto, lendo aquela matéria pergunto-me se teria coragem e disposição para esses desafios.
Nunca fui de fugir de responsabilidades. Minha formação familiar e profissional contribuíram para isso, mas sou sensível e optante do prazer.
Muito mais agora que a presença junto a minha família pode e se estabelece constante.
Os medos que murmuravam em meu imaginário vem da violência, da Influenza, do desencanto que insistem em cimentar com a lida com a coisa pública.
Mas esses são embates em que não estou só. São públicos. Difusos. Compartilhados.
Quando o desafio se manifesta na imposição de especiais cuidados por um de meus amados, fico a pensar: Será que teria fibra suficiente para encarar o tranco? Teria eu perseverança para acompanhar a tão falada via sacra na busca por tratamento?
Por outro lado é possível que o cobertor se faça do tamanho do frio que se avizinhe.
E é aí que mora a esperança.
De que o Divino Provedor proveja.
Palavras...

E me ponho a sentir as palavras. Penetram-me..
Percorrem meu corpo transformando o tépido sangue
em caudal fervente onde as paixões se manifestam despudoradas.
Não subsistem tabus. Não se gestam temores.
O ferver é próprio do sentimento que me assola.
Que me abate mas que me liberta das amarras temporais.
Desafia a continuar sentindo...ainda temeroso de não saber o fim.
...É tão gostoso que me deixo levar.
Não preciso explicar.
Nem prestar contas. A não ser para minha própria existência.
Porque o sentir é assim. Eminentemente meu.
Pessoal.
Por momentos minhas palavras adquirem perfil do feminino que habita em todos nós.
É o lado delicado, terno. Convivendo com o "furor" das paixões.
E elas são muitas....
Por vezes sem rédeas....mas quase sempre precisando da minha vida.
Então...
Voltam cansadas à casa minha....
Vítimas e algozes.

Lembranças são nossas garantias de identificação com fatos.
Construímos nossa identidade, em grande parte, com lembranças. Conscientes e inconscientes.
Afinal, não somos seres de uma só dimensão.
Assim, multifacetados, temos um universo de possibilidades para ser, para fazer, para estar e para sentir.
Humanos, trazemos intrinsecamente o erro e a virtude. A santidade e a possibilidade do fracasso.
O escopo desejado é o equilíbrio dessas possibilidades. Mas com a sutil predominância para o bem, o certo, o divino.
Se assim não fosse, a humanidade não vingaria.
A fé cristã gesta o amor. É indissociável dele. O Mestre anunciava-se como sedo o próprio Amor.
Amor de entrega. De compreensão. De perdão e acolhimento. Foi assim com a prostituta, com o coletor de impostos, com o centurião e tantos outros. Acolhidos em sua infinita identidade com o Criador e na profunda possibilidade de reconciliação. Reconciliação esta que deve nascer sempre de um dos lados. Normalmente daquele que dispõe de mais Amor.
Pois bem. Projetemos essas palavras para nosso tempo.
Quantas vezes temos promovido essa dimensão (reconciliação) divino-humana em nossas relações?
Como país, em nossa prática política recente, tivemos decisões que foram muito polêmicas.
É o caso da Lei de Anistia. Como dizia o então presidente Figueiredo, "ampla, geral e irrestrita".
AMPLA por abarcar todos os atos durante um período de tempo considerado.
GERAL por premiar a TODOS envolvidos nesse tempo e com aqueles atos.
IRRESTRITA por não impor condições aos envolvidos.
Foi, a meu ver, ainda que se tenha tido profundas controvérsias, o ponto de equilíbrio humano adotado para aqueles fatos.
O Estado Brasileiro deu a seus cidadãos (que somos nós mesmos, organizados) a oportunidade de reorganizar a sociedade lacerada por anos de disputas, nem um pouco fraternas.
Recolocar nessa questão a possibilidade de qualquer julgamento pretérito é, a um tempo, burlar a Lei, fracionar o equilíbrio e alimentar a luta fratricida.
Assim, remexer instrumentalmente nas memórias para delas apontar culpados de um lado pode dar margem a que se busque também culpados do outro lado.
Como disse antes, luta fratricida, de mentes que não souberam efetivamente exercer a capacidade de reconciliação, apesar de, em grande número, terem sido indenizadas pelo Estado Brasileiro.
Para algumas pessoas, com valores considerados um absurdo para a maioria do povo brasileiro.
Portanto, a idéia que gostaria de debater tem mais a ver com reconciliuação de com perseguição.
Afinal, a vida e suas vicissitudes fazem com que aprendamos.
Seguramente a memória daqueles que usaram de violência contra outros brasileiros não vai deixá-los esquecer.
Nossa missão é construir um alicerce moral para que possamos legar um país melhor para nossos filhos.
Não sigo o mau exemplo de carrascos. Ou de terroristas. Nem a fala mansa de políticos de profissão.
Creio que temos um sistema de governo que exige alguns papéis. Deles não podemos prescindir.
Então, tenho que indicar para esse sistema aqueles e aquelas que, segundo meu discernimento, possuem mais condições de fazer acontecer o meu sonho de cidadania.
Palavras...

E me ponho a sentir as palavras. Penetram-me..
Percorrem meu corpo transformando o tépido sangue
em caudal fervente onde as paixões se manifestam despudoradas.
Não subsistem tabus. Não se gestam temores.
O ferver é próprio do sentimento que me assola.
Que me abate mas que me liberta das amarras temporais.
Desafia a continuar sentindo...ainda temeroso de não saber o fim.
...É tão gostoso que me deixo levar.
Não preciso explicar.
Nem prestar contas. A não ser para minha própria existência.
Porque o sentir é assim. Eminentemente meu.
Pessoal.
Por momentos minhas palavras adquirem perfil do feminino que habita em todos nós.
É o lado delicado, terno. Convivendo com o "furor" das paixões.
E elas são muitas....
Por vezes sem rédeas....mas quase sempre precisando da minha vida.
Então...
Voltam cansadas à casa minha....
Adeus Crucifixo

O que os meios de comunicação de massa (jornais, TV, rádio, revistas) nos trazem são notícias, em sua maioria, produzidas e distribuidas por conglomerados transnacionais comprometidos consigo mesmos e com seus lucros.
Dessa forma, torna-se difícil  a clareza das verdades que orbitam em cada fato. Nessa direção vai a questão da União Européia e seu pseudo-neo-civilismo. Não se muda uma cultura por meio de Leis. O que se faz é acirrar diferenças e impor sacrifícios aos que menos força dispoem.
A discussão sobre a liberdade religiosa só está acontecendo no ocidente. As práticas democráticas tem tido maiores avanças no ocidente. Mas foi esse mesmo ocidente conquistador e colonialista que impôs séculos de jugo.
Seria simplista afirmar que estaria pagando o preço de suas ações. É muito mais que isso. Exemplo de alguma resistência tem sido desenvolvida pela Irlanda, país essencialmente católico que resistiu a UE quanto ao aborto. Para se ver que não é fácil massificar um caldo de culturas mesmo tão semelhantes quanto a Europa.
Imaginemos então como deve ser quando culturas tão diferentes se encontram (por vezes em confronto).
O assunto é cativante. Creio ser importante fazermos um mea culpa, retomarmos a análise sobre o processo de aculturação por que passa o mundo atual e abrirmos as janelas da tolerância para as diferenças que por tanto tempo dividiram os povos.
Nesse particular o povo do grande país da América do Sul dá exemplos de possibilidades.
Colocando-nos no lugar do outro, especialmente quando o outro é minoria, damo-nos a chance de visualizar um pouco de suas dificuldades.
Se de um lado, defendendo os parâmetros de democracia ampla, a comunidade não cristã  pleiteia um estado laico, sem difusão de símbolos religiosos na escola pública italiana, de um outro a proibição do uso do hijab pelas mulheres muçulmanas não contribui para a paz nas relações.
CQC no Congresso-Arre!!

Não gosto de generalizar, especialmente com essa classe de "trabalhadores".  Mas é um abuso o que certas pessoas, dispondo dos recursos que suas heranças lhe proporcionaram, fazem com a vida e o respeito aos cidadãos brasileiros.
Ainda que se critique a forma como alguns repórteres, jornalistas, encaminham seu trabalho é salutar contar com suas investidas para mostrar a face oculta da vergonha e da falta de pudor de certas pessoas detentoras de cargos públicos.
Não aceno bandeiras nem siglas políticas. Creio num pensamento que valorize o povo desassistido e pobre deste "brasilzão". Morei na Amazônia e pude constatar algumas verdades que me apareciam só na tela da TV.
Estamos numa caminhada rumo a um Estado mais participativo e inclusivo. Mas temos muito a andar ainda. E fazer as purificações necessárias. Os exemplos mostrados nessa matéria se enquadram nessa afirmação. Pessoas despreparadas para a função a que foram alçadas.
Infelizmente são pedras do caminho. E, como bem sabemos, necessárias para valorizar o caminhante cuidadoso.
Vejam abaixo.

05 agosto 2010

Eu e o feminino
 
Sou uma pessoa perfeitamente normal, com momentos de anormalidade. E como todo mundo com sua história pessoal. A maneira como conto isso pode ser que seja diferente. Pode ser que envolva muito sentimento. Aliás, não somente pode como realmente está cheia de emoções, sentimentos bons, crescimentos, desacertos claro, mas sempre com a expectativa de superação e sublimação. Tenho especial atração pelo ser "mulher". Seus mistérios, sua forma de encarar a frustração. Seus exemplos de vida e como convivem com o prazer e com o desprazer.

Sempre fui muito ligado nas mulheres de minha vida. Muitas brigas com minha mãe até a adolescência. Espíritos semelhantes, passionais, vivíamos em conflito. Até elaborei, nos primeiros anos da juventude, processo de auto-piedade. A vida independente trouxe-me ao curso do equilíbrio. Pelo menos nesse assunto.

Fui o neto amado e presente na vida de minha avó. Lembranças tão gostosas de suas mãos, machucadas por uma paralisia, que em esforço constante, ainda se inclinavam para jogar cartas comigo. Seus abraços sinceros e seu exemplo de vida, centro de toda a vida familiar. Em uma expressão, uma "rocha de amor" (puxa vida! essa é a primeira vez que falo assim de minha vó Bidi.)

Possuía uma advogada com mão de ferro. Uma de minhas tias (ora, isso é tão impessoal...) então..., minha tia Célia permitiu que a proximidade que não estabeleci com minha mãe, pudesse ser resgatada, no tempo, com sua presença e agora na lembrança amoro-sa...por vezes meus olhos marejam com estas sensações - os ombros amados de Vera acolhem minha face.

Fui procurar a plenitude da relação com o feminino, realizando meu sonho de menino: casei.
A imaturidade masculina encaminhou a separação - que como gare de trem, ao mesmo tempo que é partida também é chegada. E na metáfora da chegada, ou renascimento, re-nasci com Véra e tudo quanto paralelo a ela Deus me proporcionou.
Hoje, a amplitude da relação com o feminino não posso medir. Pois impossível já que se constrói dia a dia.
Sei que as palavras têm um poder imenso. Uma vez ditas, fazem seu trajeto...não voltam sem agir.
Bom será aquilo que ainda não foi. Pois é o coração de hoje que já o sente, que deseja e constrói.
Nossa lingua

LÍNGUA PORTUGUESA

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Olavo Bilac)


Meus primeiros passos na poesia foram ao som de Olavo Bilac, na voz de minha mãe. Aprendi a amar esta língua. Forma e jeito que expressei meus primeiros sentimentos. Com ela aprendi a ser o que sou. E a dizer o que queria ser. E a balbuciar, sôfrego, o amor que sinto pela vida. E a ouvir, tudo de novo, no som infantil da voz de meus filhos...e o murmúrio feliz da amada, companheira de vida...
Não pude deixar de lembrar disso ao ler este texto e testemunhar que a identidade de um povo passa pelo amor e respeito que alimenta pela língua que o une a tantas culturas, como no Brasil. E não nos esqueçamos que não é necessário muito esforço bélico para dominar um povo. Basta matar sua língua, suas culturas, com depreciações mais banais, como tanto tentam fazer com nossa língua materna. Como temos feito com a língua de tantas cultura indígenas. Mas isso fica para outro momento...
Sou apaixonado, total e completamente por este país e por este povo. E tudo que brinca com as palavras me parece saudável de se exercitar. Portanto, compartilho agora. Com o perdão da intromissão...mas como porta entreaberta, que só se abre quando a empurramos...vamos lá.
Vencer a dor
Vendavais. Tormentas. Nevascas...O deserto...corações que se abalam...
Forças incontroláveis que assustam e movem o ser humano a pensar e repensar sua frágil existência.
Vento, chuva, sol, terra, fogo. Elementos presentes na vida e na morte de todo ser vivo.
Diante de tanta força, pensamos o quanto somos pequeninos...leves...insignificantes...
E, ao mesmo tempo, por imagem e semelhança ao (a) Criador (a), tão supremos e perfeitos. Dignos de Sua infinita e eterna bondade.
Somos, a um tempo, anjos e demônios, dada a nossa perfeita imperfeição .
O evento da doença, tal como os elementos da natureza, tem a capacidade de suscitar muitas reflexões. Especialmente quando envolve afetos tão próximos.
Provoca a preocupação pela dor do ser amado. Ou pela nossa na possibilidade de perdê-lo.
Mas, e para tudo há um mas, há um cabedal de situações não vividas. Não escritas. Não pensadas, quando isso acontece.
E de tudo, fica o agradecimento pelo já vivido.
O testemunho comum de quem se aproxima do fim da vida, quando a mesma foi regada com a fé e com o amor é o de gratidão.
Pelo que aprendemos juntos. Pelo sofrimento que ensina, mas sobretudo pelas alegrias que também unem.
Tenho sido sensibilizado por isso nos últimos dias.
E olho para os olhos que infinitas vezes me viram mamar e vejo surpresa mas força.
Dor física mas paz espiritual.
Está acolhida no seio dos que a amam.
Suportada em suas dores pelo conhecimento científico assim como pelas mãos e corações que nunca, nunca lhe faltarão.
Nossa perfeição, similaridade divina, (re) constroi caminhadas. Como agora.
Somos os mesmos e mesmas de ontem. Mas  com a grande diferença de nos sentirmos espiritualmente mais juntos.
- Avante! - Diríamos ao cavaleiro andante.
- Nossos dragões existenciais nada mais são que moinhos de vento virtuais!
Tremendo e oscilando, como o fazem espigas de trigo, mas suportando a fúria do vento, continuamos a crer e amar.