09 setembro 2023

Rio Grande do Sul – Rodeio dos ventos - Águas de setembro Primeiras impressões

Tarde de Domingo, 3 de setembro. Rio Taquari mostra-se inchado, ocupando suas margens. Lajeado, cidade de 93 mil habitantes numa área metropolitana de 380 mil pessoas.

Dias de tensão. Noite de medo. Águas que não davam trégua. 

Parecia que era mais do mesmo. Mas não. Acabou sendo a maior tragédia da cidade e da região. O Rio Taquari subiu 30 metros. É um edifício de 12 andares!!

Passadas as águas, num saldo de mais de 40 pessoas mortas ou desaparecidas em todos os municípios afetados, vem o momento dos necessários rescaldo, limpeza, separação dos entulhos e, a análise da amplitude dos danos.

Nossa família, impactada diretamente, se une mais uma vez para dar suporte, principalmente, psicológico para os que perderam quase tudo que era material.

A tragédia, o desafio, a dor e as perdas são objeto de minhas reflexões existenciais. Mexem com meus sentimentos, especialmente por não poder estar junto. Mas aliviado pelo que vejo de solidariedade.

Essa é a palavra. Solidariedade.

Tão logo as pessoas foram sendo resgatadas e acolhidas em área segura da cidade, uma multidão de voluntários, famílias , empresas, entidades foram trazendo roupas, cobertores, comida, água potável, medicamentos e, sobretudo, uma mão que acariciava, um ombro que amparava, um sorriso que acolhia. Um alento para refazer ou retomar suas vidas com uma certa normalidade.

São muitas as tragédias. Mas um só sentimento ainda une as pessoas: levantar a cabeça, retomar a vida, reconstruir o que o rio levou, sabendo que foi um preço muito alto por termos ocupado sua área.

Almas bondosas de tão longe se movimentam e organizam vaquinhas. Mais que o valor, marca muito sua preocupação e carinho pela situação de desconhecidos.

Precisamos disso. Precisamos valorizar nossa condição de filhos e filhas do mesmo Deus, Pai, Criador e cuidador afetuoso, tenha o nome que cada um queira dar. 

Escrevo esse texto lembrando da festa que celebramos hoje que é a Natividade de Maria, mãe de nosso Jesus Cristo. Ela, mais do que ninguém foi a Acolhedora, por excelência. Sempre à disposição. Sempre atenta. 

Estou muito sensível com o que estou vivendo. Mas imensamente feliz, repito, imensamente feliz por reconhecer que vencemos quatro anos de barbaridades e negação da humanidade fraterna, demonstrando, nessa hora, o quanto nos importa as outras pessoas , conhecidas ou não.

O restauro das coisas e das vidas está recém começando. 

Mas será justamente isso que pode nos manter unidos.

Obrigado às pessoas que estão ajudando. E são muitas. E são lindas.

Porque colocaram seus corações nisso. Afinal, é o que importa.

Curitiba, PR, 8 de setembro de 2023