Aos domingos à noite, em programa transmitido para quase
todo o Brasil, a rede Globo tem apresentado um quadro em que artistas encenam
situações de violências, agressões ou de discriminação a pessoas. Bullying,
pessoas velhas, nordestinos, etc. (A próxima bola da vez serão pessoas
negras...será?)
Ainda que a própria empresa considere uma “matéria
jornalística” disso não tem nada.
Transformar as ruas de uma cidade em laboratório, com
cidadãos como cobaias de seus experimentos psicológicos, com a desculpa de ver
“o que você vai fazer” é uma agressão, inicialmente ao cidadão/cidadã que se vê
envolvido em situação fora de seu controle e ao controle de mentes doentias que
precisam inventar mais um joguinho psicológica para fazer frente ao reality
show de profundo mau gosto que a mesma empresa apresenta capitaneado por um
mais oportunista ainda “garoto propaganda” que já tentou ser um pouco de cada
coisa.
E uma agressão à inteligência de quem assiste com um olhar
crítico.
Neste domingo a coisa quase (quase porque não foi mostrado
tudo) perdeu o controle. Pessoas profundamente indignadas (manipuladas) no
limiar de uma síncope nervosa ou do ataque físico àquela situação que lhes
movia emocionalmente.
Por fim, o âncora (nem sei porque usei esse termo) do quadro
intervém antes que as vias de fato aconteçam esboçando uma explicação para um
composto de emoções virtualmente manipuladas.
Hipócritas!
Lidam com os sentimentos alheios como matéria negociável com
os financiadores do programa!
Fazer uma pessoa passar por situações como aquelas é
envolvê-las, integral e amplamente, na própria violência que ali dizem
denunciar.
Em outras palavras. Virtualmente agridem, discriminam,
depreciam. E depois dizem que estão fazendo jornalismo! E tentam convencer
o país dessa falácia!
Eu me senti profundamente agredido e ofendido colocando-me
no lugar dos transeuntes desavisados e com a arrogância da empresa em manipular
sentimentos verdadeiros.
As ruas, senhores, não são os seus palcos platinados!
Nas ruas senhores e senhoras dos sonhos irreais, vive-se vidas reais
E nós não somos seus empregadinhos escalados para sorrir e
aprovar o que o diretor determina. Ou já esqueceram das observações desastrosas
e preconceituosas de seus comentaristas afoitos sobre as manifestações de
junho?
O que será que está por detrás das “boas intenções” dessa
empresa?
Parafraseando o Grande Mestre: “Túmulos caiados!!”
Onde está o Ministério Público que não se manifesta
contra essa falta de respeito?