Consumo de proteína animal e a
ecologia
José Antonio Ramalho
Forni
28/07/2023
Este não é um artigo de
nutricionismo nem de ecologia. Mas tangencia a ambos.
Quando se fala em consumo de carne
e, especialmente sua versão em assados, imediatamente nos vem à memória o
hábito gaúcho de um espeto chiando na brasa. Ou, para outras partes do Brasil,
uma grelha abarrotada de nacos suculentos.
Movido pela tradição e por uma
campanha midiática robusta, o consumo de carne tem aumentado consideravelmente,
apesar do preço ter se mantido alto.
O consumo de carne está tão
enraizado na nossa cultura que, à primeira vista, pode parecer impossível
dispensá-la da alimentação. Na verdade, herdamos hábitos não questionados há
séculos.
Entretanto, para além das
considerações financeiras, ou de valor
nutritivo e danos à saúde humana (nem vou considerar à saúde do animal, que
morreu.)etc, etc, quero me focar nas implicações ao meio ambiente, na produção
de um quilo de carne animal.
Uma olhada no gráfico ao lado nos dá uma ideia, ainda que
seccionada, do que estou falando.
Existem
muitos estudos comparativos entre a oferta proteica proveniente de vegetais e
animais e suas implicações na tal "pegada ecológica" que dão conta da
enorme diferença dessas escolhas e nos remete à responsabilidade por tomá-las.
Grosso modo, não precisaríamos
ter uma alimentação saudável baseando na carne animal como fonte de proteínas.
Até porque, proteínas não são a única necessidade humana de alimento.
Ademais, vem sendo cada vez mais
difundia a ideia que esse alimento pode estar contribuindo, sobremaneira, no
surgimento de casos de câncer.
A pesquisa intitulada “Multiple
health and environmental impacts of foods” em tradução livre "Múltiplos
impactos na saúde e no meio ambiente dos alimentos", (que pode ser
acessada em https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.1906908116) e realizada
por David Tillman, Jason Hill, Marco Springmann e Michael A. Clark, destaca que
uma porção de 50 gramas de carne vermelha, por exemplo, está associada a 20
vezes mais emissões de gases do efeito estufa e, dependendo do sistema de
produção, até 100 vezes mais uso da terra do que uma porção de 100 gramas de
vegetais.
O mesmo estudo aponta que alimentos associados a mais ganho em saúde e
qualidade de vida – como grãos integrais, cereais, frutas, legumes, oleaginosas
e leguminosas – têm impactos ambientais muito mais baixos em comparação com a
produção de alimentos de origem animal que já tiveram seus malefícios
comprovados há anos – como por exemplo a carne processada.
Não estou a defender que de forma
simplória o mundo se convertesse ao vegetarianismo. Mas seguramente as pessoas
que consomem proteínas animais o fazem muito acima de suas necessidades.
Daí vem minha recomendação que se
reduza paulatinamente o consumo de carne para digamos, três vezes por semana,
passando para duas ou até uma ou semana sim, semana não. Uma dica simples para
escolha na refeição é observar a diversidade de seu colorido e texturas.
De toda sorte deve fazer um
acompanhamento com profissional adequado para essa transição.
Por fim, deixar de contribui na
produção de gases de efeito estufa simplesmente ao remodular sua alimentação é
de eficácia robusta e requer pouco esforço.
E com criatividade, viajar por
incomparáveis opções de cores e sabores.....
"Namastchê" !!...