O
Advento, como tempo litúrgico da
Igreja, é tempo de aguardo, de espera, com o perdão da repetição, esperançosa.
Nestes
dias que antecedem a festa do nascimento de Jesus, tenho trabalhado meu
coração para celebrar e, ao mesmo tempo, amadurecer sentimentos e esperanças.
Especialmente em relação às perdas das presenças humanas no curso deste ano.
Meu pai e minha sogra.
Das
tristezas compreensíveis daqueles momentos sou brindado, ao olhar para o
passado, em ter plena consciência de que, muito além da falta física, está a
enorme presença em tudo que sou e faço. Justamente porque fui, construí e
celebrei, junto com eles.
Mesmo
nos momentos de desacordo, de desvios conceituais, de impaciências, lá estava a
oportunidade de amadurecer nossos sentimentos.
E
especialmente eu que tantos altos e baixos os proporcionei.
Esse
olhar fraterno, inclusive para nossas próprias ações, é motor de possível
esperança e de re-construção. (Faço este recorte na palavra para reforçar
seu duplo sentido).
Ora,
como disse, somos fruto de tudo quanto preencheu nossas vidas. Tirar algo ou
relegar ao esquecimento, muda o que somos. E quanto ousamos arriscar?
Logo,
não se trata aqui de aceitação, pura e simples. Mas de perdão, integração,
reconstrução. Isso se torna possível quando admito ser pequeno. Mas enorme nos
sentimentos.
Da
metáfora do olhar um copo com água até a metade, pensamos: está meio cheio ou
meio vazio?
Para
provocar, digo que a perspectiva pessimista está em ver somente o que falta ao
copo. Ou a nós. Ou ao que vivo. Ou ao que e como sofro.
Por
outro lado, com viés celebrativo, construtivo, integrador, está o olhar
esperançoso de que o copo está quase cheio.
Viver
é descobrir a cada momento uma razão de continuar.
Viver
feliz então é olhar esperançoso à frente, construir agora as relações
necessárias e acolher o passado como provocador desta caminhada.
Obrigado
pai, por eu ter podido caminhar contigo parte de minha vida. Obrigado minha
sogra por ter sido mãe da mãe de meus filhos.
Celebro
suas memórias. Rezo por suas almas.
Quero
ser hoje uma pessoa melhor que a de ontem.
Só
assim posso desejar um Feliz Natal.