06 agosto 2010

 Momentos meus

Minhas palavras não segue ordem temporal. São momentos soltos...
Morei algum tempo na Amazônia e vivenciei o quanto importante são os laços de relações que ficam na nossa terra natal. Por outro lado aprendemos a conviver com o diferente, com o não igual, com o que não estamos acostumados, descobrindo que Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, nos desafia a sermos cada vez mais e melhores. Como seres humanos. Como filhos e filhas d'Ele. E Por aí foi meu aprendizado com o povo da selva.
Tanto que me permitiu conhecer minha amada durante o curso superior e reconhecer nela a possibilidade de ser realmente feliz continuando a pensar e fazer trabalhos semelhantes aos que pude participar lá em Humaitá. Tive a sorte de encontrar outros colegas com os quais havia trabalhado em tempos anteriores. Fui acolhido. Mantivemos um ambiente de fraterna amizade e um trabalho muito profícuo nesse serviço e, especialmente no que diz respeito a mim, tempo para ler muito, escrever e ainda poder participar dos movimentos sociais da região. E isso foi o que me "desvirtuou". Não pude deixar de fazer uma profunda avaliação de toda minha vida, pensamentos, "ideologias" manietadas, práticas e aceitações.
Descobri que era possível ser mais feliz ainda, na medida que pudesse dividir o que sabia com outras pessoas. Então veio a Pedagogia, as discussões mais diversas, a Véra, o amor, o casamento, o engajamento nos movimentos sociais. Depois, com a opção pelo Pedro, rediscutimos nossas rotinas, o que proporcionou que pudéssemos pensar nesse bebê de agora, o Davi.
Construímos uma casa em lugar afastado do centro de Porto Alegre com a finalidade de ser um lugar para ser feliz com os filhos e com a presença dos amigos. Como quase todos moram em apartamentos, teriam a possibilidade de andar de pés descalços pela areia dos caminhos, as crianças brincarem tranqüilas, longe do movimento frenético dos carros, da ansiedade da insegurança, aprendendo a conviver em paz com os animais, cada um com seu espaço, etc, etc, etc. Em suma, justamente por estarmos felizes que foi possível pedir a Deus a presença de Pedro e de Davi. E não eles antes.
Algum tempo atrás também planejava ir para a Espanha ou França. Estudei os idiomas mas a vida me pediu outras tarefas.
Como a Véra é professora (Orientadora Educacional, como eu) recebemos o convite de uma Congregação Religiosa para morar algum tempo em Angola para ajudarmos na reconstrução de um projeto educacional nacional de magistério. Ainda não tínhamos o Pedro. Todo um país por reconstruir. Guerra civil. Perda da identidade cultural do povo. Falência dos serviços essenciais. Resgate de valores...enfim, quase tudo por refazer, após 25 anos de confrontos absurdos, fomentados e financiados pelo capital norte-americano e sul-africano pelo interesse no petróleo e jazidas de diamante. (quase que nem no Brasil, a 500 anos)
Mas a própria guerra preencheu os governantes de desconfianças. Quase ao embarcar, fomos impedidos de entrar no país, pelo retorno da guerra aberta e pela nossa condição de leigos (não religiosos) e casados. Foi frustrante. Mais de dois anos de preparação, estudos, reflexões, orações, sistematizações...Mas se todos os planejamento humanos se concretizassem, nenhum dos dois bilhões de seres humanos estaria passando fome hoje, sem acesso à água potável, quanto mais direito à própria vida.
Isso ainda nos move, a termos nosso coração muito aberto e fraterno.
Descobrimos um ao outro sonhando com isso.

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