Para uma reflexão
sobre a liturgia de hoje, 21 de novembro, Memória da apresentação de Nossa
Senhora, trago reflexão do portal www.dehonianos.org :
"A Apresentação de
Maria ao Templo não tem qualquer fundamento bíblico. São os evangelhos
apócrifos que falam desse presumível acontecimento. Mas é claramente improvável
que uma rapariga tenha sido confiada ao clero de Jerusalém, num Templo
inacessível a mulheres. Lemos no protoevangelho de Tiago: «Quando a menina
completou três anos, Joaquim disse: «Chamai as meninas dos hebreus que não
tenham qualquer mancha e tome cada uma delas uma lâmpada, uma lâmpada que não
se apague. A menina não deverá voltar atrás e o seu coração não permanecerá
fora do Templo do Senhor». Elas obedeceram àquela ordem e foram juntas ao
Templo do Senhor. E o sacerdote acolheu a menina, tomou-a nos braços e
abençoou-a dizendo: «O Senhor glorificou o teu nome em todas as gerações. Em ti,
nos últimos dias, revelará a redenção que concede aos filhos de Israel». E
mandou sentar a menina no terceiro degrau do altar. E o Senhor encheu-a de
graça e ela dançou e tornou-se querida por toda a casa de Israel. Os seus pais
deixaram o Templo cheios de admiração, louvando a Deus: a menina não procurou
voltar atrás. E permaneceu no Templo do Senhor, semelhante a uma pomba, e a mão
de um anjo oferecia-lhe o alimento» (Protoevangelho de Tiago 7, 2-8,1). É tudo
muito bonito, mas é tudo muito «sobrenatural», bem pouco em sintonia com o
realismo do mistério da Encarnação.
A Santa Sé admitiu a
festa somente em 1372, a pedido do embaixador do rei de Chipre "e de
Jerusalém". Mas ela só aparece no Missal Romano a partir de 1505.
O Lecionário
litúrgico oferece-nos uma proposta unitária para tornar verossímil a
interpretação do acontecimento: a tipologia da presença. As duas leituras
detêm-se nessa modalidade relacional. O oráculo de Zacarias proclama a presença
de Deus no Templo e transmite a palavra do próprio Deus que se apresenta, como
que a explicar o sentido e o significado dessa decisão divina, que enche de
alegria o povo e há-de levá-lo à contemplação. Se o mistério da presença de
Deus no meio do seu povo era uma realidade no Antigo Testamento, mais o é no
Novo Testamento. A Santíssima Humanidade de Cristo é o novo Templo, o novo
´lugar´ da Presença de Deus no meio de nós. Em Jesus, Deus torna-se presente ao
homem, e o homem tem o caminho para se tornar presente a Deus. A primeira
criatura que beneficiou dessa presença, e se apresentou a Deus, foi a Virgem
Maria. Nela se realizou, como em ninguém jamais, a mútua presença e imanência:
Deus apresentou-Se a Ela e Ela apresentou-se a Deus; Deus permaneceu nela, e
Ela permaneceu em Deus. O evangelho refere a presença de Maria junto do seu
Filho. Esta presença como que torna visível o mistério profundo que meditamos.
As palavras de Jesus, sobre a identidade daqueles que Ele julga seus parentes,
deixam clara a mensagem: o Senhor está presente junto da pessoa humana; sendo
assim, a pessoa humana tem a porta aberta para se apresentar diante do Senhor.
Se o Templo torna visível o encontro entre Deus e o homem, a Santíssima
Humanidade de Cristo torna-o ainda mais visível.
Tendo como pano de fundo
o delicado símbolo da presença de uma menina na solenidade do Templo, isto é, a
chamada «apresentação de Maria ao Templo», a liturgia hodierna leva-nos a
meditar no sentido de uma apresentação de nós mesmos diante do Senhor. A
própria presença diante do Senhor torna-se apresentação todas as vezes que é
iluminada, explicada, motivada, cultivada pela consciência. O símbolo da
apresentação de Maria ao Templo equivale, portanto, à consciência da identidade
de Maria e da sua função junto do Messias, cada vez mais importante, primeiro
por parte dos seus familiares e, depois, por parte da própria Virgem Maria e,
finalmente, por parte dos outros crentes. O sentido fundamental é este: Maria
está sempre na presença do Senhor, integralmente dedicada ao seu serviço,
crescendo na consciência de si e da sua missão.
Quando Deus se torna presente a nós em Jesus e na sua palavra, e nós nos tornamos presentes a Deus, em Jesus, e guardamos a sua palavra, também nos tornamos felizes, bem-aventurados, como Aquela que recebeu no seu ventre, transportou e deu à luz Jesus Cristo, nossa Bem-aventurança."
Quando Deus se torna presente a nós em Jesus e na sua palavra, e nós nos tornamos presentes a Deus, em Jesus, e guardamos a sua palavra, também nos tornamos felizes, bem-aventurados, como Aquela que recebeu no seu ventre, transportou e deu à luz Jesus Cristo, nossa Bem-aventurança."
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